Verão chuvoso acende alerta para dengue

Verão chuvoso acende alerta para dengue

Temperaturas mais altas e chuvas intensas criam ambiente favorável para a proliferação do mosquito aedes

Por Cleber Guilherme 10/01/2023 - 09:45 hs

As chuvas intensas que acometem várias regiões do Brasil desde novembro de 2022, combinadas com as altas temperaturas típicas do verão, são sinal de alerta para uma doença bem conhecida: a dengue. Isso porque esses dois fatores juntos criam um ambiente altamente favorável para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, principal vetor da doença.

 

“O mosquito se prolifera em espaços úmidos e quentes, as regiões com temperaturas mais elevadas são muito propícias para o aedes e as chuvas que temos visto nos últimos meses agravam ainda mais esse cenário. Por isso é preciso estar atento”, alerta o médico Alexandre Cunha, infectologista do Grupo Sabin e vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal.

 

De acordo com o especialista, o registro de casos de doenças transmitidas pelo mosquito aumentam consideravelmente nesta época do ano por causa das mudanças climáticas e alerta para um crescimento, com a chegada de dias mais chuvosos.

 

“Temos percebido um aumento no número de exames para dengue, zika e chikungunya e um aumento na positividade desses exames, o que nos faz redobrar a atenção e reforçar movimentos de orientação para conscientização individual e coletiva a fim de evitar a proliferação do mosquito”, ressalta Alexandre.

 

O Boletim Epidemiológico nº 47 do Ministério da Saúde, divulgado na ultima semana de dezembro de 2022, traz o número de 1.414.797 casos prováveis de dengue registrados esse ano no Brasil, uma taxa de incidência de 663,2 casos por 100 mil habitantes. Um aumento de 163,8% no número de casos, quando comparado com o ano de 2021.

 

A região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência de dengue, com 2.028,4 casos por 100 mil habitantes, sendo Brasília a cidade com maior incidência, no entanto todas as regiões do país apresentaram aumento na incidência de dengue este ano.

 

O maior número de óbitos está em São Paulo, dos 987 óbitos confirmados por dengue no Brasil, 278 são do estado. Goiás vem logo em seguida, com 154 óbitos.

 

Além da dengue, o mosquito aedes transmite zika e chikungunya e os sintomas das três doenças além de semelhantes, podem se assemelhar aos sintomas de COVID-19, o que pode confundir e acarretar em, tratamento errado com automedicação, demora no diagnóstico e consequentemente atraso no início do tratamento adequado. Esses sintomas incluem: febre de início abrupto acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, além de náuseas, vômitos e dores abdominais.

 

“Buscar um médico o mais rápido possível sempre que se observar esses sintomas é fundamental para garantir um diagnóstico preciso e o tratamento adequado. É possível por meio de exames laboratoriais determinar qual é a doença para assim realizar com assertividade o tratamento”, orienta o especialista.

 

O médico ressalta a importância de um diagnóstico correto para o sucesso do tratamento. “Um laudo preciso fornece segurança para a melhor jornada de cuidado do paciente e contribui para que o médico conduza o tratamento de forma resolutiva, com assistência e manejo clínico adequados”, conclui.

 

Como medida preventiva, combater o mosquito é um dever de todos e começa dentro de casa, com cuidados simples na rotina, evitando criar ambientes propícios ao desenvolvimento do mosquito como água parada em telhados, calhas, garrafas e pneus. Reservatórios de água também são um ponto de atenção e devem ser tampados, para que o mosquito não coloque seus ovos ali.

 

Além disso, a vacina contra a dengue é também uma estratégia para proteção, que reduz significativamente os agravamentos da doença, que pode levar a óbito. A vacina está licenciada para crianças a partir de 9 anos de idade, adolescentes e adultos até 45 anos. É recomendada para indivíduos previamente infectados por um dos vírus da dengue (soropositivos com ou sem história da doença). São necessárias três doses, com intervalos de seis meses entre cada uma.